Ideologia Climática

 A ideologia climática é mais uma que se junta às muitas ideologias (do sexo, da diversidade) que dominam as sociedades contemporâneas, fornecendo-lhes, sobretudo através dos media, o seu caldo cultural. Todas elas apresentam-se com duas faces e, normalmente, a face oposta é vista como «negacionista» e intrepidamente como a encarnação do mal. E, quase sempre, não encarna o «mal» mas exemplifica a estupidez.

Ainda agora Barack Obama defendeu na Cimeira do Clima a proliferação de Gretas. A simplificação, a banalização, a mistificação dos problemas (e este é grave), o "star system", sobrepõem-se a qualquer tentativa de saber o que realmente se passa. Em que ponto nos encontramos e como se poderá (ou não) sair dele.

Na ideologia climática os combustíveis fósseis são a ameaça à continuação de vida na Terra e, quem sabe, à sobrevivência do próprio planeta! O Armagedon. Ora, acontece que nunca, no passado, a sociedade humana se viu perante a necessidade de mudar de padrão energético e é totalmente inviável fazê-lo rapidamente ou resumi-lo ao marketing dos carros eléctricos. Haverá vacas voadoras mas demorará muito a inventar o avião eléctrico, converter a frota marítima, reformular a produção pelo mundo fora.

A questão das alterações climáticas, resumida a slogans, raramente é discutida em toda a sua dimensão. E parece que ninguém se quer ralar nos media a falar das limitações e consequências das alternativas aos combustíveis de origem fóssil. Não poluem nada, são, todas elas, incluindo o fabrico de baterias, totalmente "clean"? E onde se encontram estes recursos?

A Terra já registou temperaturas médias superiores às actuais. Nos últimos 800 mil anos verificaram-se grandes variações, por exemplo, nos níveis de carbono na atmosfera e no nível das águas dos mares. As alterações climáticas não constituem, pois, uma novidade na vida do planeta verde. Mais. Nos últimos 400 mil anos o clima global passou por 4 ciclos distintos, dois glaciais e dois interglaciais. Atravessamos um período interglacial em que a temperatura média se encontra abaixo do último período idêntico, ocorrido há 120 mil anos. Mas acontece que nas duas últimas décadas o planeta está a aquecer a um ritmo 50 vezes mais acelerado do que o ciclo natural glacial-interglacial. A temperatura média global à superfície subiu quase 0,8°C nos últimos 120 anos, o nível do mar subiu quase 20 centímetros na média global durante o Século XX, a área coberta com neve está a diminuir e as geleiras estão a derreter.

A explicação científica para o aumento verificado nos últimos 50 anos aponta para o efeito de estufa. Este é indispensável à vida no planeta. Sem ele a temperatura à superfície seria 33 graus mais fria. O dióxido de carbono não é o gás que mais tem aumentado (o metano aumentou muito mais) mas é o que, a seguir ao vapor de água, mais influência tem na temperatura global. Todavia, o acordo alcançado na cimeira do clima quanto ao metano e ao óxido nitroso são passos positivos. A criação industrial de gado e a conversão de eco-sistemas em pastos, com a consequente desflorestação, tem uma incidência grande sobre a absorção de carbono pelo planeta. Em 1960 havia cerca de 3 mil milhões de almas na Terra, hoje são quase 8 mil milhões. Os recursos reclamados pela espécie humana quase triplicaram em pouco mais de meio século. A procura de carne de vaca, por exemplo, disparou, com o acesso de habitantes dos países em desenvolvimento a uma espécie de «nova classe média» nesses países.

As alterações e a "tradição climática" só por insanidade colectiva são resumidas a gatafunhos ideológicos ou ao mainstream cómodo em que se sentam os media.

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